Uma expressão geralmente usada quando nos despedimos de alguém com quem nos importamos é “se cuide”, demonstrando nossa preocupação em querer ver o outro bem.
E no curso natural da vida, conforme nos tornamos adultos, é normal que a responsabilidade com nosso bem-estar físico e emocional realmente seja de nós mesmos. De nos alimentarmos bem, irmos ao médico, praticarmos exercícios físicos…
Mas e quando, por alguma eventualidade, nos tornamos incapazes de exercer esse autocuidado?
O diagnóstico de doenças crônicas e graves, como o câncer, por exemplo, pode mudar a vida de uma pessoa e levá-la a um estado de extrema vulnerabilidade.
De uma hora para outra, aquele indivíduo se vê em uma situação na qual precisa lidar com os efeitos físicos, emocionais e sociais da doença e do tratamento. E diante de todos esses desafios – que não são nada fáceis – como seguir desempenhando todos os papeis e tarefas diárias somadas às questões enquanto paciente, como tomadas de decisões em relação ao tratamento, cuidados pessoais e ainda endereçar questões burocráticas como o agendamento de consultas e exames?
É nessa hora que a ajuda será muito importante e bem-vinda! E pode entrar em cena o cuidador, exercendo um papel-chave na vida do paciente.
Quando falamos da jornada de enfrentamento do câncer, geralmente o cuidador aparece como uma figura fundamental, por ser aquele que vai dividir a carga da doença com o paciente (tanto física quanto emocional), sobretudo quando ele é um familiar ou amigo próximo.
É ele quem vai acompanhar o paciente nas idas ao médico, auxiliá-lo com medicamentos e até assumir as atividades domésticas nos casos em que ambos dividam a mesma casa1.
Na junção das atribuições do cuidado com o vínculo familiar, muitos dilemas podem surgir, entre eles, o de entender até onde vai o limite do papel do cuidador em relação à saúde do paciente.
Luciana Holtz, psico-oncologista e presidente do Instituto Oncoguia, destaca que primeiramente é preciso ter em mente que, na maioria das vezes, o familiar do paciente já se vê exercendo esse papel de cuidador para o qual não foi preparado:
“Normalmente esse familiar não tem consciência de que está exercendo mais uma função, a de cuidador”.
A dedicação vivida de forma automática e a sensação de despreparo desse cuidador foi comprovada em uma pesquisa recente realizada pelo próprio instituto, que ouviu 444 cuidadores informais de pacientes oncológicos: apesar da média de dedicação de tempo ao cuidado ser de 74 horas semanais, 33% não se consideram como o cuidador principal e 1/3 relatou que se sente parcialmente ou quase nada preparado para o exercício do cuidado do paciente com câncer1.
Além disso, a pesquisa revelou que as mulheres se mostraram como o sexo predominante quando o assunto é cuidar do outro e enfrentam uma jornada longa e exaustiva: 90% dos respondentes são do sexo feminino e têm, em média, 40 anos e mais da metade dos entrevistados são cuidadores de pacientes com doença avançada ou metastática1.
Enfrentar uma doença como o câncer é uma jornada árdua para o paciente e também para os familiares. Se Informar, buscar ajuda e se preparar é fundamental.
No site do Instituto Oncoguia você encontra uma série de materiais com dicas para que os familiares cuidadores desempenhem suas funções da melhor maneira possível ao mesmo tempo que cuidam de si mesmos com responsabilidade.
Gostou do conteúdo? Compartilhe!
Fontes:
- Instituto Oncoguia. Pesquisa Oncoguia – Impactos do Câncer na vida dos familiares cuidadores. Disponível em: <http://www.oncoguia.org.br/conteudo/pesquisa-cuidador/16067/172/> Acessado em março de 2023
- Instituto Oncoguia. Guia para o familiar de um paciente com câncer. Disponível em: <http://www.oncoguia.org.br/conteudo/espaco-do-cuidador/456/172/> Acessado em março de 2023